quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Pedro e Paulo: Dualismo Bíblico e Político na Obra Machadiana

Dentro do universo da obra de Machado de Assis, seu penúltimo romance publicado Esaú e Jacob é o menos procurado pelos críticos e leitores. Depois de alcançar seu ápice em Dom Casmurro (1899), Machado alcança o crepúsculo e abrange o tema: República X Monarquia, que certamente os homens de sua época não pensariam encontrar em seus romances. O caráter dos gêmeos aqui representados por Pedro e Paulo é exatamente essa dualidade de caráteres diferentes. Por um lado Pedro é conservador, e por outro, Paulo é impulsivo. Este tema não é desconhecido para Machado, pois é percebido que o autor de Esaú e Jacob, retira seu título da bíblia situado no livro de Gênesis nos capítulos de 27 a 33. Vemos que a forma que utiliza para apresentar a narrativa, em forma de parábola, expande seu texto para uma linguagem mais universal. A rivalidade dos irmãos acontece já no ventre, onde abos causaram uma gestação agitada sentida pela mãe. O mesmo aconteceu com Rebeca na bíblia, antes de gerar Esaú e Jacob. A indecisão e a rivalidade é sentida em quase toda a narrativa e os personagens deste romance quase sempre dão uma primeira impressão de uma indecisão que é logo percebida pelo leitor. Machado é com certeza avançado à sua época; e parafraseando Nicolau Svcenko: "aconteceram mudanças registradas na literatura brasileira, e que sobretudo se transformaram em literatura".

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